sábado, 7 de julho de 2012

A sonhada festa de todos os Corinthians









O Dia de São Nunca chegou.

Corinthianos agradecem pela benção.

E também a  todos os rivais.

Que profetizaram por décadas.

A famosa frase.

"Nunca serão!"

Foi graças a ela.

Que mais de 30 milhões de torcedores resolveram provar.

Sim!

Todas as pessoas tem direito de sonhar.

Um sonho que começou a bem menos tempo do que se profere.

Mas que nos últimos tempos havia se tornado o pesadelo de uma torcida.

O momento da tão desejada final.

Finalmente havia chegado.

Era a final da Taça Libertadores de 2012.

Que se transformou no jogo mais corinthiano de todos os tempos.

Do Corinthians de todos os tempos.

Não que o time de Tite seja o melhor de todos os tempos.

Mas exclusivamente esta final em si.

Representou dentro e fora de campo.

Um Corinthians de todos os tempos.

Para fazer jus a tamanha espera.

Representado no principio.

Por uma velha companheira de longa data.

A invencibilidade.

Amiga mais antiga.

Que estava no primeiro título da história.

Em 1914.

Do artilheiro Neco.

E que também estava no último título estadual.

Conquistado em 2009.

Com Ronaldo e Mano Menezes.

Aquele campeonato.

Que já se disse no passado.

Que era o único que esse time era capaz de conquistar.

Invencibilidade camarada.

Que faz questão de estar presente nos momentos mais gloriosos.

O clima no Pacaembu era mágico antes da decisão.

A torcida fez o que prometeu.

A maior manifestação que uma Libertadores já viu.

São Paulo amanheceu em clima de Copa do Mundo.

A euforia tomou conta da cidade.

Um dia inteiro de festejos.

Fogos e bandeiras.

E gritos de Vai Corinthians por todos os cantos.

Para se assemelhar a outra perpétua data corinthiana.

Dia 13 de outubro de 1977.

Última vez que São Paulo realmente havia parado para uma final de campeonato.

Escolas, hospitais e praças.

Voltaram no tempo.

Para o dia que não acabou.

Dando a todos os alvinegros.

Uma segunda chance de sentir aquela nostálgica e gostosa sensação no ar.

Sensação que só aqueles que assistiram ao gol de Basílio.

Conheciam como era.

A partida começou.

A bola rolou.

E o goleiro argentino se machucou.

E só.

Um primeiro tempo vazio.

Nada de relevante aconteceu.

A demora se convidou.

Trazendo mais um Corinthians do passado.

O time dos anos que sucederam 1954.

O Corinhians da angústia.

Do sentimento de agonia.

Da espera. 

Precisava relembrar aos torcedores.

Sobre o aprendizado da paciência.

Tão determinante para manter por tanto tempo.

A cabeça erguida.

Na busca por este sacal título continental.

E veio o intervalo.

E outro Corinthians também apareceu.

Nos gritos das arquibancadas.

A torcida clamou por Romarinho.

A esperança do talismã.

Porque Tupãzinho e seu gol de carrinho.

Também mereciam estar presente.

Mesmo que só na esperança.

De um chorado gol de libertação.

Responsável pelo fim do papo de time regional.

E pelo começo da supremacia nacional.

Quem sabe a história não se repetiria.

Mas Tite não deu bola para o apelo.

Não repetiu a substituição de La Bombonera.

Não colocou Romarinho no lugar de Danilo outra vez.

Como se tivesse sido avisado do além.

Que outro Corinthians do passado.

É que mereceria a lembrança.

Do momento mais sentimental da partida.

E o atual camisa 20 seria a peça chave deste feito.

Se tratava do Corinthians mais saudosista da história.

Da época em que foi mais que um clube de futebol apenas.

Foi inspiração politica.

E ensinamento de vida.

Chegaria no começo do segundo tempo.

Trazendo o melhor dos presentes da noite.

Diretamente do céu para o Pacaembu.

O lance mais bonito do jogo.

Simbolo de uma década inteira.

De um elenco que não precisou de nenhum título "de expressão".

Além de seus contestados regionais.

Para encantar o mundo e fazer história.

Um toque.

Um toque de craque.

Um toque de elegância.

Um toque de inteligência.

Um toque de doutor.

Através de Danilo.

O doutor em Libertadores.

Que entendeu a mensagem divina.

Transcendental e espiritual.

Sussurrada lá de cima.

Pelo doutor original.

E com um corinthianíssimo toque de calcanhar.

A la Sócrates, o Eterno.

Encontrou Émerson sozinho.

Para fazer justiça.

Ao time com o futebol mais vistoso que um Corinthians já teve.

Homenageando os inesquecíveis anos 80.

No lance que será um dos mais lembrados das próximas décadas.

O Pacaembu explodiu.

A festa saiu do gramado.

E atingiu as estrelas.

E outros Corinthians resolveram se juntar a ela.

Até mesmo aqueles que torcedor nenhum convidaria.

Como o de Betão e companhia.

Dos erros individuais bizarros de 2006.

Que resolveram inspirar Schiavi.

A entregar o ouro para o mesmo Émerson Sheik.

Aumentando ainda mais a folia.

Depois chegou o Corinthians mundial de 2000.

Do paredão Dida.

Quando Cássio voou para encaixar uma bola cabeceada por Caruzo.

E relembrar a importância das muralhas corinthianas nos principais triunfos.

Com o jogo dominado, foi a vez do Corinthians de Roger e Geninho de 2003 também serem memorados.

Para se livrarem do carma de uma vez por todas.

Do manhoso e marrento D'alessandro.

Que catimbou, provocou e tripudiou do time paulista.

Exorcizado, antes tarde do que nunca.

Pelo endiabrado Sheik.

Que foi o corinthiano mais argentino.

Que um time argentino já pôde enfrentar.

Encarando-os com unhas e, literalmente, dentes.

Dando aos hermanos do mesmo veneno.

Que o carequinha fez os zagueiros corinthianos experimentar.

Ao apito do juiz.

A Fiel finalmente mergulhou ao delírio.

Na imensidão do infinito.

Da felicidade sideral.

Mas ainda daria tempo.

Para que mais dois Corinthians ainda dessem uma passada por ali.

E se juntassem a celebração.

Os dois que mais haviam sofrido.

O das Libertadores de 99 e 2000.

De Marcelinho Carioca.

Que finalmente teve sua falta de sorte reparada.

E agora pode descansar em paz.

E o que mais merecia estar ali.

O Corinthians da série B.

Que teve a honra mais do que justa.

De ser o encarregado de erguer o troféu.

Na figura de Alessandro.

Que ao lado de Chicão.

Fizeram parte deste Corinthians.

Que começou todo este processo de mudança.

No fundo do poço.

No último degrau.

Que trouxe o orgulho de volta.

O renascimento.

Mas principalmente o planejamento.

Fundamental para Tite desenvolver este trabalho histórico.

Com a tranquilidade que necessitava.

Que não teve.

No único Corinthians que preferiu não ir a farra desta quarta-feira.

O de 2005 e da MSI.

Que não acreditou no seu trabalho.

E o demitiu.

Instigando-o a fazer uma promessa.

De que no futuro.

Terminaria aquilo que não o deixaram terminar.

Cumprida com louvor neste dia 04 de Julho de 2012.

Mesmo sem participar.

Com o momento tão merecido.

Mesmo de coração dividido.



É bem provável que este Corinthians deva ter soltado um leve e sincero sorriso contido.

A distância.

Talvez de alguma praia
 em Miami.

Enfim, o dia de São Nunca, chegou.

Lavando a alma de todos os Corinthians que já existiram.

A taça que todos eles sempre sonharam.

Agora é uma realidade.

Coroando a mais bonita História de superação.

Que um clube de futebol contará pelo resto de sua eternidade.